Em entrevista à Lusa o Embaixador de Chipre, Andreas Ignatiou, afirmou que a segurança e a retirada das tropas turcas é a questão central nas negociações diretas sobre a reunificação do país que recomeçam dia 28 de Junho na Suiça.
 
As negociações sobre a reunificação de Chipre vão recomeçar depois de uma interrupção que entretanto foi superada após a intervenção do SG da ONU, António Guterres.
 
No seguimento da reunião realizada a 4 de Junho com António Guterres na sede da ONU, o Presidente da República de Chipre, Nikos Anastasiades, e o líder da comunidade cipriota turca, Mustafa Akinci, concordaram em retomar o diálogo com o enviado das Nações Unidas para Chipre, Espen Eide. Nas negociações estarão representadas as “potências garantes” da independência de Chipre (Grécia, Turquia e Reino Unido) e um observador da União Europeia.
 
Andreas Ignatiou sublinhou que existem seis capítulos que estão a ser negociados que abordam, designadamente, questões territoriais e o regresso dos deslocados às suas terras de origem acrescentando que houve grandes progressos em cinco desses capítulos.
 
O capítulo sobre segurança e garantias é o que se afigura mais complexo e ainda sem quaisquer resultados. Infelizmente a liderança cipriota turca tem manifestado excessiva dependência relativamente a Ancara. Nicósia defende o fim do estatuto das “potências garantes” que vigora desde a independência conquistada em 1960.
 
Atualmente a Turquia mantém 40 000 soldados estacionados na parte ocupada de Chipre.
 
O Embaixador de Chipre considera que é também do interesse dos compatriotas cipriotas turcos obter uma solução assegurando que se a comunidade cipriota turca tivesse liberdade negocial seguramente que o problema de Chipre já estaria resolvido há muito tempo.
 
Para a liderança cipriota turca o dilema está em seguir a política da Turquia e permanecer sob ocupação militar ou viver num país reunificado como cidadãos da União Europeia com todos os benefícios e liberdades.
 
As Nações Unidas dispõem há mais de 40 anos de um contingente de capacetes azuis em Chipre podendo supervisionar a aplicação de um futuro acordo de segurança.
 
Os líderes das duas comunidades já concordaram que a solução para a reunificação deve assentar num Estado federal, bicomunal (duas comunidades) e bizonal (duas zonas administrativas).
 
Chipre permanece dividido desde a invasão de 1974 pelas tropas turcas que ocupam cerca de 37% do norte do país. A invasão foi desencadeada um fracassado golpe de Estado ultranacionalista apoiado pela junta militar de Atenas que pretendia a união de Chipre à Grécia.
 
A República de Chipre aderiu à União Europeia a 1 de Maio de 2004. Em 1983 foi criada a chamada República Turca de Chipre do Norte apenas reconhecida pelo país invasor que desde então se recusa a respeitar as decisões da ONU para retirar as tropas de ocupação.