
O anterior Ministro das Finanças de Chipre, Michael Sarris, declarou recentemente que a Alemanha forçou a introdução de um corte sobre os depósitos bancários com o objetivo de diminuir Chipre como centro financeiro.
Michael Sarris foi um dos participantes na importante reunião de Março de Ministros das Finanças dos países da zona euro que decidiu impor um corte sobre os depósitos bancários superiores a cem mil euros.
Em 25 de Março Chipre acordou com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI um pedido de financiamento de 10 mil milhões de euros tendo os credores internacionais imposto um corte nos depósitos superiores a cem mil euros nos dois maiores bancos do país que sofreram grandes perdas após o perdão concedido à Grécia da sua dívida soberana.
Sarris declarou que houve uma intenção clara em prejudicar seriamente a imagem Chipre como centro financeiro confiável acrescentando que os alemães não viam com bons olhos o facto de um país pequeno não industrial como Chipre beneficiar de um nível de vida elevado.
Sarris confirmou que a proposta para os depósitos “garantidos” (inferiores a cem mil euros) serem igualmente atingidos pelo corte foi apresentada pela União Europeia.
O Eurogrupo decidiu a 16 de Março um corte de 6,7% sobre os depósitos garantidos e de 9,9% sobre os depósitos superiores a cem mil euros. Esta decisão provocou uma forte reação em vários Estados membros da União Europeia que consideraram ilegal a inclusão do corte nos depósitos garantidos inferiores a cem mil euros. O Parlamento Cipriota rejeitou essa decisão do Eurogrupo.
Sarris confirmou agora que a situação era realmente crítica. Os alemães consideraram que o facto de os depósitos beneficiarem de altas taxas de juro justificava o corte que deveria ser visto como uma espécie de tributação retroativa.
Após as reações contra o corte nos depósitos garantidos o FMI e a União Europeia informaram o governo cipriota que aceitavam manter intactos os depósitos garantidos mas que o corte nos depósitos não garantidos teria de ser agravado de 9,9% para 15,6%.
Questionado se argumentou contra a imposição de um corte que violaria a Constituição de Chipre Michael Sarris disse que infelizmente os credores não estavam interessados em tais questões sublinhando que para os credores internacionais as Constituições podem ser alteradas.
Sarris acusou ainda o anterior Presidente da República, Demetris Christofias, de ter feito declarações que agravaram os problemas enfrentados Banco Popular de Chipre que ficou muito debilitado com a fuga de depósitos.
Sarris disse ainda que enquanto presidente não executivo do Banco Popular de Chipre tentou separar as operações bancárias na Grécia notando porém que não contou com a colaboração do Banco Central da Grécia. Acrescentou que as operações gregas ascenderam a 50% da carteira de crédito do Banco Popular no valor de € 24 mil milhões.