O Parlamento de Chipre rejeitou de forma clara as condições impostas pelo Eurogrupo para o plano de resgate designadamente o imposto sobre os depósitos para o país receber um empréstimo de 10 mil milhões de euros.
A votação não contou com um só voto a favor nem mesmo do Partido no poder (DISY) que se absteve considerando que essa atitude reforçaria a posição da República de Chipre durante as negociações.
 
Milhares de pessoas manifestaram-se frente ao Parlamento apoiando a rejeição do acordo e alertando para o facto da sua aprovação implicar no futuro medidas idênticas noutros países da zona euro como a Espanha, Portugal e Itália. A multidão aplaudiu a decisão do Parlamento cantando que o Chipre pertence ao povo.
 
O Presidente do Parlamento, Yiannakis Omirou, apelou à recusa afirmando que o Eurogrupo pretendia impor uma chantagem e tornar Chipre uma colónia. Omirou sublinhou ainda a necessidade de renegociar o acordo afirmando que a sua aprovação implicaria que os investidores estrangeiros retirassem os seus depósitos do país.
O Governador do Banco Central de Chipre, Panicos Dimitriades, afirmou que se a lei fosse aprovada haveria uma imediata fuga de depósitos logo nos primeiros dias.
Marios Karoyian, anterior Presidente do Parlamento e líder do Partido Centrista DIKO que apoia o atual Presidente da República, considerou que o país tinha sido alvo de uma chantagem. Karoyian adiantou que o governo deve encontrar uma solução equilibrada que evite a destruição da economia.
 
A proposta rejeitada era uma evolução da inicial prevendo agora a isenção de qualquer taxa sobre os depósitos inferiores a 20 mil euros, uma taxa de 6,75% para os depósitos entre 20 mil e 100 mil euros e uma de 9,9% para os depósitos superiores a esse montante.
 
O Ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, que lidera o Eurogrupo, “lamentou profundamente” a decisão. Alemanha, Holanda, Finlândia e Austria são os países que mais pressões exercem sobre as autoridades Cipriotas. O Eurogrupo aguarda agora uma contraproposta do governo de Nicosia.
Entretanto o BCE já assegurou toda a liquidez necessária.
 
A Rússia criticou fortemente a proposta da Troika e pondera apoiar Chipre. Uma parte muito significativa dos depósitos nos bancos da ilha pertence a cidadãos russos.
O Ministro das Finanças de Chipre, Michalis Sarris, está em Moscovo para conversações com as autoridades russas.
 
O Presidente da República, Nikos Anastadiadis, reúne-se esta 4F com os partidos procurando encontrar uma solução alternativa.
 
Há quatro dias que os bancos permanecem encerrados.
Chipre tem jazidas de gás estimadas em 80 mil milhões de euros.