Os Cipriotas acordaram esta sexta-feira, dia 20 de Julho, ao som de sirenes assinalando o 44º aniversário da invasão turca perpetrada naquela fatídica manhã de Sábado, 20 de julho de 1974. As sirenes avisavam a população do ataque aéreo e soaram às 05h30 locais quando a invasão foi lançada e as tropas turcas desembarcaram na costa norte da ilha.

 

O nosso país continua desde então dividido em virtude da maciça presença dos militares da Turquia e da opressão exercida por Ancara sobre os cipriotas turcos.

 

As repetidas tentativas lideradas pela ONU para reunir o país falharam até agora devido às posições intransigentes do lado turco que insiste em manter direito de intervenção e presença militar na ilha.
A invasão turca ocorreu apenas cinco dias depois do golpe arquitetado pela junta militar fascista grega que derrubou o arcebispo Makarios III, presidente democraticamente eleito de Chipre.
Da iunvasão resultaram milhares de mortos, centenas de desaparecidos, 200.000 refugiados quando fugiram das tropas turcas que avançavam e cercaram os cipriotas gregos no território de Chipre ocupado pelos turcos.

 

Esta manhã teve lugar em Nicósia, com a presença do Presidente Nicos Anastasiades, um serviço em memória dos militares do exército mortos durante a invasão. Uma série de outros eventos contra a ocupação ocorreram durante o dia.
À noite o Presidente Anastasiades discursou no Palácio Presidencial para assinalar e condenar o golpe e a invasão turca.
Os partidos políticos e várias associações emitiram declarações condenando a invasão turca, a continuação da ocupação e reiterando a sua determinação em lutar por uma solução justa e viável.

 

As relações entre Chipre e a Grécia tornaram-se muito tensas após a instauração em 1967 da ditadura militar em Atenas. A junta militar interferia na política interna de Chipre não respeitando a sua independência nem o presidente Makarios.
A situação culminou em 15 de Julho de 1974, quando o regime de Atenas instigou um golpe de Estado contra o governo cipriota a favor da união com a Grécia. Makarios foi derrubado e teve de se refugiar em Londres, daí seguindo para Nova York onde procurou apoio para restaurar a democracia na ilha junto do Conselho de Segurança da ONU em 19 de Julho. O então SE Henry Kissinger foi um dos mais fortes opositores a esse apoio. Makarios regressou a Chipre em Dezembro.

 

A Turquia tirou partido desses factos para lançar, às 5h30 do dia 20 de Julho, cerca de 40 000 soldados numa invasão em larga escala contra Chipre.
Um cessar-fogo foi acordado em 23 de Julho. No dia 14 de Agosto, após fracassadas negociações em Genebra, a Turquia lançou uma segunda ofensiva ocupando Morphou, Famagusta e Karpasia.
As tropas turcas ocuparam um terço do território da República e expulsaram das suas casas cerca de 200.000 cipriotas gregos. 20.000 cipriotas gregos, que permaneceram nas áreas ocupadas, acabaram também forçados a abandonar as suas casas e procurar refúgio nas áreas controladas pelo governo. Atualmente, apenas 328 cipriotas gregos e 109 maronitas permanecem em enclaves.

 

Mais de quatro mil pessoas foram mortas durante a guerra. 846 Cipriotas gregos e 271 Cipriotas turcos ainda estão desaparecidos.