
Chipre está a desencadear todas as ações diplomáticas convenientes para evitar uma escalada, disse o Presidente de Chipre, Nicos Anastasiades, referindo-se às provocações da Turquia na Zona Económica Exclusiva de Chipre. Navios de guerra da marinha turca abordaram o navio Saipem 12000 da ENI, que estava a caminho do Bloco 3 da ZEE de Chipre, alegando decorrerem atividades militares nessa área.
O Presidente de Chipre disse que “é com tristeza que constatamos as ações da Turquia” acrescentando que o governo cipriota está a manter a calma para evitar qualquer crise e a tomar as providências diplomáticas necessárias para que os direitos soberanos da República de Chipre sejam respeitados.
O ministro da Energia, Yiorgos Lakkotrypis, terá uma reunião com representantes da ENI enquanto se espera que um alto funcionário da empresa italiana visite Chipre.
Um porta-voz da ENI disse que o navio, que realizaria operações de perfuração na Zona Económica Exclusiva de Chipre, permanecerá preparado para retomar a sua viagem até ao local previsto.
No passado dia 8 de Fevereiro a ENI anunciou a descoberta de gás no Bloco 6.
A ENI está presente em Chipre desde 2013 e detém interesses em seis licenças localizadas na Zona Económica Exclusiva de Chipre.
Atualização (13.02.2018):
A Comissão Europeia advertiu a Turquia e o Presidente Erdogan após as ameaças feitas pelo presidente turco a Chipre e à Grécia sublinhando que deve “evitar declarações negativas que prejudiquem as relações de boa vizinhança, especialmente antes da A Cimeira UE-Turquia terá lugar a 26 de Março.
A Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini, reuniu este Domingo 13 de Fevereiro no Kuwait com o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco e discutiu o incidente em Chipre. “A Turquia deve respeitar as relações de boa vizinhança e evitar qualquer fricção, ameaça ou ação contra os Estados-Membros da UE que prejudiquem as relações de boa vizinhança e a resolução pacífica de conflitos”.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Itália, Angelino Alfano, informou o ministro turco que a Itália quer encontrar uma solução para a questão da plataforma SAIPEM 12000 de acordo com o direito internacional e no interesse de ENI, no dos países da região e das duas comunidades cipriotas.
Entretanto diversos líderes europeus juntaram-se às declarações da Representante da UE para a Política Externa e a necessidade de ser respeitada a soberania dos Estados membros.
Atualização (23.02.2018)
Após o incidente ocorrido no início do mês, o navio italiano Saipem 12000 ao serviço da gigante da energia italiana ENI, foi de novo forçado a mudar de curso na manhã de sexta-feira depois de ter sido interceptado e ameaçado de ser afundado por 5 navios da Marinha de guerra turca. O navio navegava em direção Bloco 3 para perfurar um poço exploratório de gás.
A gravação da conversa entre o navio italiano e os navios de guerra turcos será incluída nos relatórios que Chipre apresentará nas instâncias internacionais. Nessa gravação o capitão do navio italiano avisou o navio turco para sair do caminho, “caso contrário, vamos afundar”. O capitão turco responde: “Não posso controlar a nossa velocidade nem o nosso trajeto” ao que o capitão italiano respondeu:
“pode obviamente controlar a sua velocidade e as suas máquinas”. O navio turco continuou o seu trajeto forçando o navio italiano Saipem 12000 a desviar-se.
A Turquia está a impedir que Chipre explore os recursos de petróleo e gás nas suas águas territoriais. O governo Cipriota está determinado a exercer os seus direitos soberanos na sua Zona Económica Exclusiva (ZEE) e a ENI também está determinada em iniciar as perfurações.
Devido ao bloqueio turco, o navio italiano contratado pela ENI foi imobilizado nas últimas duas semanas a uma distância de cerca de 50 km do local de perfuração.